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27-02-2004

Guerras de alecrim e laranja


Editorial

São mais as vezes que os políticos nos deixam perplexos do que as vezes que nos servem alegrias e ânimo.
Pior, quando nos deixam sem fala.
Grave, quando, sentados em família e à volta dos mesmos princípios, semeiam tempestades e abrem hostilidades desnecessárias, brechas indecorosas e guerras com feridas à vista.
Só porque olham mais para o seu umbigo do que para o interesse do país.
Muitas vezes, só porque há que correr aos tachos.
Antes que outros os precedam.
Vícios antigos.

Há dias “alguns meninos do PSD”, como os denominou Marcelo Rebelo de Sousa, andaram a brincar (o termo não é meu) com o pagode, no Expresso, colocando figuras social-democratas no Parlamento Europeu, na presidência (próxima) da Assembleia da República, aqui e ali. Como de fossem boys.
Mais parecia a distribuição (descarada e vergonhosa) de tachos, senão uma provocação ou um desafio ao primeiro ministro.
Como se o país não tivesse problemas bem mais importantes a tratar.
Como se o país não tivesse uma enxurrada de questões a debater e problemas a resolver no campo económico, social e judicial.
Como se os “tachos” em questão transbordem alguma sopa ou caldo verde no mínimo para quem passe fome neste reino de faz-que-anda-mas-não -anda.
Como se isso fosse a coisa mais importante e prioritária para o partido do governo.
Juízo precisa-se.
Bom senso também.

Passado esse período, todos julgavam que isso realmente não passava de mera brincadeira ou de um fútil e engenhoso puzzle.
Puro engano.
Entretanto, mais uma frente era aberta nesta guerras de alecrim e laranja.
Com Santana Lopes a lançar-se para a frente. Não que tenha o direito a fazê-lo, mas não cuidou de saber se o tempo era ou não o mais aconselhável.
Com Santana e Marcelo a trocarem mimos na praça pública.
O que só gera confusão e algum desapontamento.
Ainda que não descuide o mandato para que foi eleito, achamos que foi algo extemporâneo e sobretudo excessivo ao atacar Cavaco Silva que se perfila como sério candidato à presidência da República.
Para já, as sondagens são-lhe bastante favoráveis, animadoras, mas ainda não resolveu abrir o jogo. É um fervoroso adepto de tabus. Nem sim nem não, nim.
Discreto e hábil, acha que ainda é cedo para falar disso. Ao contrário de Santana Lopes que, ao declarar-se candidato, já se esmurrou um pouco, ao partir apressadamente da grelha de partida, antes do tempo.
Se com as suas declarações pretendia uma resposta do PSD e de Durão Barroso, o silêncio do partido foi de ouro e o de Durão Barroso foi, sem dúvida, o melhor conselheiro nesta guerra fratricida.
Que não leva a lado nenhum.
Antes, à confusão e divisão.
Se Santana Lopes queria que Cavaco Silva abrisse o jogo, este deu-lhe uma nega do tamanho da Praça do Município lisboeta. E mais: que não cedia a pressões.
Mais duro que Durão, Cavaco odeia confusões, pressões.
Mais candidatável que Santana, acha que ainda é cedo para declarar-se na praça pública.

Mas a confusão na tribo laranja não se ficou por estas tricas, perigosamente peregrinas e incertas quanto a resultados positivos.
Entrou também na liça com todas as armas de arremesso o comentador e deputado europeu, Pacheco Pereira, que um dia eleito pelo distrito de Aveiro, nem chegou a conhecê-lo quanto mais a interessar-se pelas suas terras, suas gentes.
Se Santana, pelo que afirmou no Expresso, não foi nem comedido nem suave, então, Pacheco Pereira disse dele o que não lembra ao pior inimigo. Foi demolidor. É assim Pacheco Pereira. Disse, de caras, que Santana nem tem apetência nem perfil.
A guerra está instalada no partido do governo. Por causa de umas eleições que só chegam daqui a dois anos.
Quando as preocupações deviam centrar-se na boa governação e na preparação atempada e ganhadora dos próximos embates que se perfilam nas eleições europeias que são já aí, nas eleições regionais e nas autárquicas, - esse é o entendimento de Durão Barroso.
Qualquer destes actos têm uma influência decisiva relativamente ao futuro do PSD no que toca às próximas eleições legislativas e o avanço do número dois do PSD certamente vem contrariar a posição do primeiro ministro e baralhar tudo e todos.
A não ser que o governo queira aceitar, de ânimo leve e gaiteiro, um cartão amarelo ou vermelho do PS já nas Europeias.
Quando mais era necessário preservar a imagem do grande candidato, em vez de cerrar fileiras em volta, abrem-se brechas e feridas que deixam sempre cicatrizes, nada recomendáveis.

Quando era necessário mais juizinho e mais união, dá-se o descalabro nas opções e palavras.
Quem se fica a rir no meio disto tudo é o PS, que tem tido também uma actuação semelhante, com figuras a perfilarem-se a tachos caseiros ou europeus. Mas reconheça-se que a gula tem sido menos desastrosa e que anda já a preparar-se para o embate nas Europeias, com programa e lista desenhados. Claro que a Europa lhes interessa, mas o mais importante, partidariamente falando, é a amostragem de cartões ao governo que não pode, de forma nenhuma, menosprezar, sob pena de estar a abrir um buraco ... para um tropeço irremediável.
Juízo precisa-se na Direita.
Bom senso é aqui meio caminho andado.

Armor Pires Mota
Chefe de Redacção

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